31.7.14

|| O ENCONTRO INESPERADO DO DIVERSO ||
A grande exposição de Guimarães

O encontro inesperado do diverso 
é assistir ao belo a comunicar com o silêncio;
a fraccionar as imagens nas suas diversas formas;
ajudá-las a levantar o véu para que se mostrem mutuamente 
na beleza própria, e fechar os olhos para que se não rompa
a delicada tela desta vida,
ou então falar.
(Maria Gabriela Llansol, Lisboaleipzig)




O Jornal da Exposição

A exposição do CIAJG-Centro Internacional das Artes José de Guimarães, que inaugurámos no fim de semana com a pintora Ilda David', o fotógrafo Duarte Belo, o curador Nuno Faria e a equipa de produção e montagem da «Oficina», assinala mais um marco importante no esforço que vimos fazendo para manter viva, no espaço cultural português, a presença da Obra e do universo de Maria Gabriela Llansol nos últimos anos.
Uma iniciativa certamente inesperada para muitos visitantes, que não terão deixado de ficar surpreendidos com a concepção expositiva que lhe está subjacente e com as modalidades de ocupação dos espaços generosos do CIAJG. A exposição é, de facto, um espelho do universo relacional, em cadeia, de M. G. Llansol, onde tudo tem a ver com tudo e se ilumina mutuamente, sem hierarquias. Na nova «cosmogonia» que esta exposição constrói, objectos e obras de arte de diversa proveniência ganham uma nova «biografia» e um novo habitat que os lança numa renovada aventura, configurando o inesperado «atlas» que o título sugere. É a primeira vez que isso acontece a esta escala, graças ao empenho de Nuno Faria, à atracção que este lado do universo Llansol desde sempre exerceu sobre uma artista como Ilda David', e à extraordinária capacidade do fotógrafo Duarte Belo para o fixar, o ler, o recortar em registo fotográfico.

Trata-se, de facto, de um encontro feliz entre a original filosofia museológica deste Centro artístico de Guimarães («propor uma (re)montagem da história da arte, enquanto sucessão de ecos, e um novo desígnio para o museu, enquanto lugar para o espanto e a reflexão») e os princípios que desde sempre orientaram a escrita de Llansol e o seu relacionamento com o mundo, e continuaram a servir-nos de carta de rumos nas múltiplas actividades do Espaço que traz o seu nome e perpetua a sua memória.



Divulgação do novo ciclo de exposições do CIAJG (em hotéis, restaurantes, cafés)

O excerto de Lisboaleipzig em epígrafe resume, na definição que dá do «encontro inesperado do diverso», a tripla perspectiva que foi possível aperceber nestes dias em Guimarães: 1) o fraccionamento das imagens (de Ilda David' – em pintura, desenho, gravura, mosaico, bordado –, das composições fotográficas de Duarte Belo, de peças da colecção permanente do museu, e dos próprios objectos do espólio de Llansol), para evidenciar o princípio, pródigo em surpresas, de integração na diversidade que conduz o projecto; 2) os modos como essas imagens, nos vários espaços, se afirmam em si mesmas e se iluminam mutuamente nesse jogo de relações dinâmicas; 3) e, finalmente, o texto, a fala, as falas múltiplas que acompanharam a mostra – no «Jornal da Exposição», numa grande diversidade de material impresso de divulgação, distribuído por toda a cidade de Guimarães, e na sessão de apresentação da nova edição de Lisboaleipzig e das ideias orientadoras da própria exposição.
Nesta sessão, que ocupou a manhã de Domingo, dia 27, intervieram Nuno Faria, responsável pela exposição, Maria Etelvina Santos, que apresentou a nova edição do livro de Llansol, João Barrento, que situou este livro e a exposição no contexto da obra e do mundo de M. G. Llansol, e João Madureira, que, através da tripla relação Llansol-Bach-Pessoa/Aossê, trouxe a música ao universo imagético e literário presente na exposição e no livro. Ilda David' e Duarte Belo acompanharam depois o público que acorreu ao CIAJG numa visita guiada.

A mesa da manhã: João Madureira, João Barrento, Maria Etelvina Santos, Nuno Faria, Ilda David', Duarte Belo

As fotografias e o material de divulgação disseminado pelo CIAJG por toda a cidade, de que aqui reunimos uma amostra, poderão dar uma ideia deste fim de semana llansoliano na cidade que foi Capital Europeia da Cultura em 2012.


24.7.14

EXPOSIÇÃO: LLANSOL EM GUIMARÃES

No «Centro Internacional das Artes José de Guimarães» (na cidade com este nome) está prestes a inaugurar mais uma grande exposição em torno do universo e da Obra de Maria Gabriela Llansol. Será a segunda maior exposição depois de Sobreimpressões, que organizámos com o Centro Cultural de Belém em 2011, dando a conhecer e a ver a visão da Europa na Obra de Llansol. 


No próximo dia 26 de Julho, pelas 22 horas, abre ao público esta nova exposição, intitulada Maria Gabriela Llansol: O encontro inesperado do diverso, com obras de Ilda David (gravura, pintura, desenho, técnicas mistas, documentando grande parte do trabalho da artista feito, de 2003 até hoje, sobre obras de Llansol) e Duarte Belo (fotografia). A mostra, que poderá ser vista em Guimarães até 12 de Outubro, ocupa uma extensa área do museu, numa montagem que, para além das obras dos dois artistas, integra um conjunto significativo, e nunca exposto deste modo, de objectos, obras de arte e manuscritos originais de Maria Gabriela Llansol, cedidos pelo Espaço Llansol.

O Centro Internacional das Artes José de Guimarães

No dia 27, pelas 11 horas, Ilda David e Duarte Belo estarão presentes na apresentação da nova edição de Lisboaleipzig (acabada de sair na Assírio & Alvim), que foi o ponto de partida e o pretexto de onde nasceu a ideia de mais esta grande exposição. Falar-se-á do livro, do mundo e da escrita de Llansol e da própria exposição, numa mesa que reune, para além dos dois artistas, o editor Manuel Rosa, João Barrento e Maria Etelvina Santos (pelo Espaço Llansol), o compositor João Madureira e o curador da exposição, e director do Centro de Artes, Nuno Faria.

18.7.14

MANUEL DE FREITAS, LLANSOL
E AS «DONAS GATAS»


Manuel de Freitas expõe-se, aqui e agora e para sempre, num último livro em que olha para trás e pergunta Ubi sunt? Où sont les neiges d'antan? Por onde andam os que a morte apagou ou este mundo cão engoliu?
Aí, por via das comuns «donas gatas», presta a sua homenagem a Maria Gabriela Llansol, sobre cuja obra em tempos escreveu. A página do livro é esta:


Por ironia do acaso, ou não, acabámos de fazer também nós, aqui no Espaço Llansol, mais um dos nossos cadernos (que a seu tempo divulgaremos), dedicado à última gata da Maria Gabriela, a Melissa «douradinha», que dois outros seres, de seu comum nome Emily, acolheram – a «Duncan», jovem bailarina negra, da família e do reino da Melissa, e a «Emily» simplesmente, vulgo Hélia Correia, que bem conhece esse reino.

Melissa e a bailarina Duncan chez «Emily-Hélia»

Mas todo este livro de Manuel de Freitas, e o seu «sentido último» (que certamente não quer ter) se encontram nos dois poemas a Zulmira e à sua taberna, ontem e hoje. É o retrato de um mundo através do retrato do próprio poeta olhando para si, dans l'année quarante-deuxième de son éage (como François Villon, no testamento feito aos trinta):

(Fotografia da capa: Inês Dias)

17.7.14

LLANSOL EM LONDRES

No âmbito da exposição colectiva Art stabs power / Que se vayan todos!, passa hoje em Londres uma curta de Manuel Santos Maia inspirada em Llansol (a frase de Um Falcão no Punho «é a minha própria casa, mas creio que vim fazer uma visita a alguém»).


Manuel Santos Maia é um artista portuense que já colaborou com o Espaço Llansol, com a instalação que concebeu para a exposição Sobreimpressões, do Centro Cultural de Belém, em 2011. O filme pode ser visto aqui: