29.11.13

O LIVRO DE HORAS III NA IMPRENSA

Depois dos programas da RTP2 em que se falou deste terceiro volume dos diários póstumos de Maria Gabriela Llansol (o Agora, em 6 de Outubro, e o Ler + Ler Melhor, em 19 de Novembro), também a imprensa escrita dá atenção a mais este singular diário: o Expresso de 23 de Novembro, pela mão do poeta Manuel de Freitas:

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e o JL de 28 de Novembro, com uma reportagem de Maria Leonor Nunes:

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28.11.13

«NÃO DEIXEM O BEIJO PARA MAIS TARDE»


Este é o título do convite para o lançamento da edição brasileira do livro de Maria Gabriela Llansol Um Beijo Dado Mais Tarde, que estará a acontecer neste preciso momento na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com intervenções das Professoras Maria de Lourdes Soares, Luci Ruas e Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira, para além de Jorge Fernandes da Silveira, que assina o posfácio desta edição da 7Letras. Aí se lê, muito a propósito desta iniciativa e de tantas outras, como as que nós próprios vamos fazendo, em torno de Llansol: «Não há nenhuma grande mulher por trás desses eventos. Passo a passo, há a construção de um texto para ser lido frontalmente.»
A editora 7Letras, que tem no seu programa vários poetas portugueses e continuará a editar Llansol, celebra também por estes dias o seu vigésimo aniversário, que o jornal carioca O Globo destacou no passado dia 23. Leia o artigo de Guilherme de Freitas aqui: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/11/23/7letras-completa-duas-decadas-como-celeiro-de-novidades-515989.asp

24.11.13

«A ABERTURA NATURAL PARA O PARAÍSO»
No nascimento de Maria Gabriela Llansol

Maria Gabriela Llansol faria hoje 82 anos. Ao longo de toda a sua vida, como escritora de diários que foi, anotava datas. Mas não gostava de números, preferia a ideia de que os dias têm rostos, e nomes. E de que podemos escolher a forma do nosso nascimento, mas não somos donos da nossa vida, que é uma sequência de «ondulações», num movimento que vem de antes do útero e se prolonga depois da terra. A presença actual da sua Obra confirma este último movimento, e ela intuiu em mais do que um livro essa «linha de viver», ou filosofia das linhagens infinitas:
«Propus-me escrever um livro sobre as ondulações da velhice até à terra, e principio pelo meu nascimento (...) Seguindo esta linha de viver, chegarei ao fim dos meus dias; considero a velhice presente em todas as partes do meu destino, e muitas vezes confundi maturidade e mocidade, ignorando as distinções que não me forem naturais.» (Causa Amante)
«Há um mistério relativo ao meu nascimento, que me fecha – esta abertura natural para o paraíso pertence-me?» (Um Beijo Dado Mais Tarde)
O video que se segue é uma breve meditação sobre a existência, a partir de dois fragmentos de escrita.


20.11.13

AS HORAS DE LLANSOL

A imprensa jornalística, televisiva e radiofónica, em Portugal e no estrangeiro, continua a interessar-se pelos livros e pela figura de Maria Gabriela Llansol. Depois de uma reportagem do programa «Agora» (RTP 2) a propósito das Quintas Jornadas de Sintra, e de uma semana de leituras na France Culture, de que  demos notícia antes, os Livros de Horas e o seu significado no contexto da Obra de Llansol e do trabalho do Espaço Llansol, foram ontem objecto do programa de televisão «Ler + Ler Melhor», apresentado por Teresa Sampaio na RTP 2. A emissão pode ver-se no video abaixo:


15.11.13

A MULHER DOS CINCO ELEFANTES
NA «LETRA E»

O filme A Mulher dos Cinco Elefantes, uma história de sensibilidade e dedicação, passa amanhã, dia 16,  na Letra E, às 17 horas, como habitualmente. História de uma vida e de uma tarefa gigantesca, nele se pode ver como uma língua faz ou não faz o que faz a outra, e como todas arrastam consigo uma visão do mundo muito própria. É o caso dos grandes romances de Dostoievski, que vão a profundezas que o leitor desatento ou apressado não descobre, mas os outros sim, aqueles que escavam para encontrar tesouros. Como acontece com Llansol: ambos passam a mão pelo leitor a contrapêlo, o pacto que propõem é por vezes de inconforto – mas compensa.

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17.11.13 
Depois de termos visto ontem este extraordinário filme, seguido de conversa à volta de um magusto com castanhas e jeropiga, constatámos que ele se encontra já disponível na Internet – mas apenas para quem possa segui-lo no original, em alemão e russo. Ainda assim, deixamos aqui a ponte para esse universo, cujas paisagens se abrem para os terrenos fascinantes das fronteiras entre as línguas, mas também para a história do século XX e os absurdos da segunda Grande Guerra:

8.11.13

O FILME DO ENCONTRO 
DE LLANSOL COM JOÃO DA CRUZ

Mostrado pela primeira vez nas Jornadas Llansolianas de Sintra, em 2011, e incluído já no livro Llansol: A Luminosa Vida dos Objectos (o sexto que editámos na colecção «Rio da Escrita», da Mariposa Azual, em 2012), o filme de Daniel Ribeiro Duarte Encontro com S. João da Cruz (que passou também no Doc Lisboa 2012) pode agora ver-se online no site DocAlliance, com legendas em inglês, aqui:

http://dafilms.com/download/key/TFQAUCjeKf
[o filme esteve apenas uma semana neste site. Este link deixou de estar activo!]

É um olhar sobre uma fotografia tirada em Lovaina em 1972, que conta, servindo-se do próprio texto de Llansol, o nascimento de um livro seminal, O Livro das Comunidades, como sempre em Llansol a partir de um caderno manuscrito, neste caso o nº 4 da segunda série do seu espólio. Desse primeiro olhar nasce, no filme do Daniel, um novo olhar, sobre o lugar actual em que esse e muitos outros livros e manuscritos e fotografias vivem e são vividos e se abrem a quem nos visita. O filme é também uma pequena e breve viagem pelo dia a dia de trabalho e convivência num lugar de escrita e de luz, a última casa da «escrevente» do livro sem fim, hoje o Espaço Llansol.

3.11.13

LLANSOL EDITADA
EM FRANÇA E NO BRASIL

Mais dois livros de Llansol acabam de sair dos prelos, um em França – o terceiro diário, escrito para e com Vergílio Ferreira, com o título Enquête aux quatre confidences, na editora Pagine d'arte, em tradução de Cristina Isabel de Melo –, o outro no Brasil, o premiado Um beijo dado mais tarde, agora com posfácio do ensaísta Jorge Fernandes da Silveira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na editora 7Letras, do Rio de Janeiro, onde deverão continuar a sair outros livros de M. G. Llansol.
A edição e tradução de Llansol não pára, de facto, desde que ela partiu em 2008. Como já destacámos a propósito das últimas Jornadas Llansolianas, onde estiveram presentes seis tradutores de vários países, entrámos há pouco tempo num novo ciclo de edição e divulgação, em que vão alternando momentos de revelação (de um espólio invulgar) e de expansão do seu texto nas mais desvairadas línguas e lugares.

Enquête aux quatre confidences (que será apresentado em Paris em 14 de Novembro), traz um prefácio de Carolina Leite, intitulado «Sob o olhar do funâmbulo - Audácia, singularidade, maravilhamento», e dedicado à memória de um dos mais entusiásticos legentes de Llansol, que nos deixou há pouco tempo, José Augusto Mourão. Aí podemos ler, numa conclusão explicativa do título, o que a seguir se traduz:
O funâmbulo, imagem poética do incerto, lembra o equilíbrio que incessantemente temos de inventar. Sem medo. A audácia e o gosto do risco são a base desse deslocamento que permite pôr em jogo aquilo a que chamamos identidade. Este Diário III convida, sob formas múltiplas, a esse exercício de abandono dos lugares-comuns, das verdades, dos consensos, à imagem da rapariga que sai do texto. Quatro confidências que anunciam uma conjectura, verdadeiro fio de sustentação deste Diário III e de toda a obra da escritora. Um itinerário em direcção às zonas de murmúrio do nosso desconhecido, não isento de desconforto. De passagem, deixa entrever imagens acentradas, linhas e figuras oblíquas, desequilíbrios imprevistos, quedas... desse fio que serve de fundamento ao olhar e ao espanto. E também ao maravilhamento. A única via possível para chegar à singularidade? Que sabemos nós disso? Certamente o caminho possível para «perserevar no seu ser», como diria Spinoza.


Um beijo dado mais tarde, uma edição adiada no Brasil desde o tempo de Llansol, surge finalmente, vinte e dois anos depois da edição portuguesa nas Edições Rolim, quando a Autora recebeu pela primeira vez o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Sobre este livro, tão llansoliano, escreve Jorge Fernandes da Silveira no seu texto posfacial, intitulado (a partir de Pessoa), «O beijo merecido da verdade», e dirigido ao público leitor do Brasil, num apelo informativo e inteligente à leitura de M. G. Llansol: 
À medida que avanço em considerações sobre um texto de Llansol, tenho de deixar claro que a sua leitura exige um «esforço ininterrupto de ler»; ler é um onde ir indo num curso que não tem fim, «ler, lendo» – e continuo a citá-la nas páginas do livro – «antes de ler, a ler, depois de ler, lembrando que estava a ler, lembrando a leitura, lembrando o pequeno tapete, ou quadro, em que pousamos os pés.» Ler é, pois, memória cultural em contínuo vaivém intra e intertextual. Visto que a leitura está em processo de conhecimento, a exigir a interação entre dois sujeitos de formação sociocultural – o escritor e o leitor –, ler é uma praxis revolucionária. Ler dá trabalho.
Insistir, no início, em certas questões de cultura do nosso tempo implica atenção a um duplo compromisso: primeiro, o de dar notícia de uma das obras mais surpreendentes da Literatura Portuguesa contemporânea a hipotéticos leitores brasileiros (sobretudo) de diferentes interesses e expectativas; e, segundo, o de atentar para a ideia particularmente llansoliana do conceito de textualidade. Particular porque está para além de noções um dia inovadoras como, por exemplo, poesia e prosa e prosa poética.
 
E ainda: 
«Os beijos merecidos da Verdade» é o último verso de «Horizonte», poema da Mensagem de Fernando Pessoa. O mais belo, a meu ver. Singular, no título do Posfácio a Um beijo dado mais tarde, menos que particularizar a história de uma edição adiada, mais subjetiva o que em mim excede o ensaísta e professor de Literatura Portuguesa: o desejo de que uma obra-prima da nossa língua seja objeto do prazer de ler de um número não finito de (para usar uma figura llansoliana) legentes.