14.1.13

MARIA VELHO DA COSTA LEMBRA LLANSOL

Em entrevista ao jornal Público, de 13 de Janeiro, Maria Velho da Costa revela algumas das suas «afinidades electivas» com escritores portugueses, e refere-se a M. G. Llansol por duas vezes, nos seguintes termos:

(...) eu andei em letras e germânicas, e fui tendo afinidades electivas que de um modo geral se mantiveram, como a Maria Gabriela Llansol e o Herberto Helder, onde há emoções mais contraditórias, complexas, com interesses como perturbação. Interessaram-me poetas e escritores que tivessem um trabalho sobre a linguagem e a língua, mas não só. Quando me dizem que o meu trabalho é sobre a língua, é-o também, mas não só. Isso é omitir o trabalho com a linguagem.
(...)


Quem são os seus pares?
Acho que sou um bocado ímpar. Não no sentido grandioso, mas qual é o escritor português que eu possa dizer que seja mais da minha família? Talvez o José Cardoso Pires. E o Nuno Bragança. Posso ter uma admiração enorme e não sentir que seja meu par. Duas figuras com as quais tenho uma aproximação muito diferente são a Agustina e a Maria Gabriela Llansol. São duas escritas e duas maneiras de estar na literatura completamente diferentes. A Llansol, da primeira vez que a vi, meteu-me medo. Tinha uma relação com a escrita onde não havia distinção entre vida e escrita.

E para si há?
Para mim, há. Esse medo que me causou foi como se estivesse perante uma forma de santidade. Eu disse-lhe isso na única ocasião que tive para falar com ela. E ela disse que não havia razão nenhuma: «Eu sou uma pessoa normal».