9.3.09

LLANSOL: A LUZ DE LER # 3


A escrita pode ser uma forma de prostituição? Já Baudelaire afirmava que sim. Os Expressionistas alemães e outros modernistas santificaram a prostituta, a par do poeta e do proletário. Mas, que significa exactamente prostituição neste contexto? A modernidade associou escrita e prostituição por dois caminhos e duas razões: pela via da força libidinal que preside a estas duas formas de entrega, e também porque o mercado se tornou na modernidade o lugar comum e a instância de referência para uma e outra destas actividades. O livro que se torna público submete-se a formas de exposição e violentação semelhantes às do corpo tornado «público» da mulher (ou do homem), num e noutro caso estamos perante um corpo, de escrita e de prazer, que se podem tornar objectos de gozo, de paixão, de ódio, de êxtase.
É disto, ao que me parece, que fala o fragmento de um dos cadernos inéditos de M. G. Llansol que se pode ouvir, precedido de um comentário meu, neste vídeo: